A ficção Deus e o Diabo na Terra do Sol é uma obra brasileira, dirigida por Glauber Rocha, o longa-metragem preto e branco tem duração de 125 minutos; foi lançado em 10 de julho de 1964 no Rio de Janeiro.
O filme utiliza-se de personagens e fatos históricos concretos (o cangaço e o mandonismo local dos coronéis no Nordeste, o beatismo ou misticismo de base milenarista, a literatura de Cordel, Lampião e Corisco, Euclides da Cunha e Guimarães Rosa, Antônio Conselheiro e Antônio Pernambucano (jagunço ou assassino de encomenda de Vitória da Conquista).
A trama está dividida em três partes: primeiro a demonstração da vida sofrida do povo do sertão, depois mostra as duas formas que esse povo encontra para sobreviver, o catolicismo e o cangaço.
O vaqueiro Manuel, depois de uma briga com o fazendeiro Moraes, mata-o e volta para sua casa, lá chegando encontra sua mulher Rosa e sua mãe a qual logo em seguida é morta pelos jagunços do fazendeiro Moraes; então Manuel foge com sua mulher para o auto do Morro Santo (lugar sagrado onde se promete a salvação através de um catolicismo ritual e místico) e se une aos seguidores do beato Sebastião.
Após presenciar a morte de uma criança para um ritual, Rosa mata o beato.Então o matador Antônio das Mortes contratado pela Igreja Católica para assassinar o beato, extermina os seus seguidores.
Novamente em fuga, Manuel e Rosa se unem a Corisco, (companheiro de Lampião que sobreviveu ao massacre do bando); sempre em busca de uma sobrevivência no sertão, agora pelo caminho do cangaço. Antônio das Mortes continua sua perseguição e acaba por matar e degolar Corisco, segue uma nova fuga de Manuel e Rosa, agora em direção ao mar.
O mais interessante nesse filme é a demonstração clara do sofrimento das pessoas que vivem no sertão nordestino seguindo fielmente a realidade e se baseando em fatos históricos. Observa-se também a inexistência de apelações a marcas ou a venda de produtos como podemos observar em muitos filmes que estão em exibição atualmente.
Segundo Pierre Bourdieu a cultura está em perigo graças a globalização e aos meios de comunicação que estão cada vez mais tentando homogeneizar a cultura em vista da obtenção exorbitante do lucro, diz o sociólogo: “ Como não enxergar que a lógica do lucro, sobretudo a curto prazo, é a estrita negação da cultura, que supõe investimentos a fundos perdidos, fadados a retornos incertos e não raro póstumos?”
É um ótimo filme para quem procura desvencilhar da alienação cultural que estamos submetidos diariamente.
O diretor Glauber de Andrade Rocha (Vitória da Conquista, 14 de março de 1939 — Rio de Janeiro, 22 de agosto de 1981) foi um cineasta brasileiro e também ator e escritor. Entre suas obras de destaque podemos citar: Deus e o Diabo na Terra do Sol, Terra em Transe e O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro.
Dulcinea de Carvalho,21, estudante de Jornalismo, amante de filmes, literatura,música, arte em geral , história e uma escritora-amadora-compulsiva.
Leia mais textos dela em : http://www.suspirosdecarvalho.blogspot.com/
1 comentários:
Um filme de classe, como citado no texto: diferente do que estamos acostumados a ver. Poucos filmes retrataram tão bem o "cotidiano nordestino". Excelente texto! Parabéns!
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