A marcha das vadias de Fortaleza o desafio da mulher Aborto Livre Reflexão política no Brasil
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Dia das mães


É inegável que haja uma interferência direta das forças de mercado(até porque o mercado é um espaço não concreto), onde as próprias datas ganham significações dissonantes das proposições ideológicas iniciais.O Dia Internacional da Mulher e, hoje, o Dia das Mães, por exemplo, foram tomados, em grande parte, pelo empresariado, como um momento de incentivo ao consumismo e manutenção dos papéis de gênero(comerciais sobre cosméticos; comerciais sobre produtos de limpeza; comerciais sobre eletrodomésticos).E eis que a mídia perpetra, gritando novamente: mulheres, vocês nasceram com o gene de escravas sociais, conformem-se(nem um pouco determinista, não é?).


As propagandas colocam sempre a mulher no papel de subserviência: ela, alegre e sorridente, recém invadida pela sensação de completude, só porque recebeu um novo fogão.Mas que mulher não ficaria, afinal?Somos apenas a extensão da cozinha, ora pois.E por que ela não seria tão arrebatada pela felicidade ao ganhar uma rosa(símbolo que reflete a idéia de fragilidade) ou algum objeto voltado para a manutenção da casa?Esse negócio de querer mandar em si é coisa de feminazi( não é, machistinhas?).


Não é difícil imaginar como se deu e o porquê se deu, no contexto social, a subalternização da mulher.O arquétipo da mulher ainda está intimamente ligado ao instinto maternal e às virtudes da boa esposa.Nota-se que, ao se reportar à figura mulher, o espaço privado é o limite de sua caracterização.Uma relação privado-mulher como união natural e funcional.E, advindo desse processo de estruturação da imagem mulher, o próprio conceito liga-se à proposição do patriarcado no que toca a autonomia feminina.Se a mulher é edificada pelo ambiente privado, um lugar puramente particular, com articulações próprias, restritas à família, sendo endossada por uma moral de ranço machista, fica mesmo difícil imaginar por que ainda somos encaradas como propriedades e extensões?


Em contrapartida, não há somente o segmento econômico(benéfico ao patriarcado) endereçando esses marcos.O Dia 8 de março foi proposto pela revolucionária alemã Clara Zetkin durante a conferência internacional das mulheres socialistas.É uma data de visibilidade e luta pela transformação do status atual, que reserva um papel secundário à mulher.É tanto que as ações efetivas, da Marcha Mundial das Mulheres, no combate à pobreza e à violência sexista, começa exatamente nesse dia.Não se pode resumir a data à idéia de comemoração sem sentido com o intuito único de provocar as forças de demanda.Isso seria reducionismo e descaracterização de toda a luta dos grupos feministas ao longo do tempo.


O que a mídia faz é vendar a mulher diante de uma realidade desigual e opressora.E aí chegam com flores( novamente para simbolizar nossa “delicadeza”), dão parabéns, falam sobre as virtudes da boa mulher, mas não inseminam a desconstrução dos papéis de gênero em sua esfera de atuação social.


A luta feminista não está atrelada unicamente à conquista no mercado de trabalho.Entretanto, partindo de uma concepção macro, é importante a expressão da mulher nas mais diferentes esferas da sociedade, até mesmo para que possamos criar a nossa identidade.E a conquista é conseqüência da conscientização da mulher como ser autônomo e apto a afluir em qualquer âmbito, mostrando que ela é livre e tem escolhas, tanto sobre o próprio corpo quanto sobre as diretrizes de comportamento social.


Se lermos “A mística feminina”, da Betty Friedan, vamos vislumbrar como essa satisfação na esfera doméstica foi um condicionamento de anos( mito de feminilidade), e que era justamente por isso que as mulheres estavam, cada vez mais, tolhidas, incapazes de abrir o leque de possibilidades para a vida.Ela mostra a relação de hierarquização de sexos e o processo de segregação paradigmático.E, através da análise da realidade feminina, ela constata que as amarras estão na cristalização do papel da mulher atrelado à concepção do feminino, unicamente nas figuras de esposa e dona de casa.Sempre a mulher atrelada, invariavelmente, ao mito do amor materno, como fosse o caminho da felicidade para todas nós.



Sempre o mito maternal, não?

- Para os machistas, somos vaginas/úteros ambulantes.

-Para os machistas, somos a extensão da casa.

-Para os machistas, somos seres dependentes(e também por que somos só emoção, não é?Olha o determinismo aqui de novo).

-Para os machistas, somos sempre as Evas malditas seduzindo homens indefesos.

-Para os machistas, somos apenas um pedaço de carne que é passível de intervenção externa.



Por isso, obviamente, esperam que todas as mulheres queiram e tenham filhos, porque, para a maioria machista, esse é o desígnio delas no planeta.E falam em instinto maternal como se realmente fosse algo intimamente ligado à mulher.E, para deixar claro, instinto maternal não existe.Isso é um determinismo biológico usado para jogar o ônus da responsabilidade sobre a criação dos filhos somente em cima das mulheres.O amor é natural, portanto leva tempo para ser construído, não nasce em um intervalo de 24 horas.A população feminina, em sua totalidade, não sonha com a maternidade.Algumas mulheres nem pensam nisso.E não, no inconsciente delas não está aprisionada a vontade de ser mãe.É só algo muito importante chamado de liberdade individual.


Novamente, vendem a idéia de que a mãe, naturalmente, ama mais os filhos que os pais porque é mais sensível( determinismo biológico de novo, não?).E por que isso acontece? Porque o machismo condiciona, inclusive, o homem.Ele é treinado para reproduzir um padrão de “macheza” baseado na ignorância, dominação e violência.E isso é fruto de educação sexista.A questão é que tanto as mulheres quanto os homens foram educados(as) a fazer a reprodução de valores sexistas, e acabam realizando a manutenção do padrão de masculinidade, que imputa, aos homens, a inexistência de sentimentos humanos.Outras falácias: a mãe tem uma responsabilidade maior na criação dos filhos; a mãe deve ser um exemplo de moral (dentro dos paradigmas, claro); a mãe tem que viver somente para o filho, sem ter uma vida sentimental, profissional e social satisfatórias; a mãe que pára de amamentar cedo é uma monstra; a mulher que não quer ser mãe e aborta é assassina( tudo bem ela não poder decidir sobre o próprio corpo, não é?); a mulher que não quer a guarda dos filhos é uma monstra sem coração.Eu poderia passar a noite citando exemplos, mas acho que já é suficiente.


E, embora não pareça, tudo isso é para desejar um Feliz dia das Mães.Sim, eu sei que parece contraditório.Mas só o que quero é a carta de alforria para essas mães que são tratadas como escravas por grande parte da sociedade.Desejo que elas tenham direito à liberdade individual.Desejo que não sejam enxergadas como objetos.Desejo que tenham seus direitos assegurados.Desejo que sejam respeitadas.Desejo que essas mães não sejam vistas como mártires nem tenham a obrigação de carregar o peso dos norteadores de conduta.


Só para concluir, e retomando o que disse no começo: a interferência das forças de mercado estão contra a mulher, pois visa recolocá-la na posição servil.A mídia faz reprodução de valores sexistas todos os dias.O empresariado gosta da inexistência de uma consciência sobre o papel da mulher na sociedade.E gosta porque pode direcioná-la para o segmento que eles acham necessário, em acordo com seus benefícios financeiros, inclusive a idéia que define o que é uma mãe.


E as mulheres feministas( e sim, machistinhas, sinto informar, mas mulheres feministas também podem ser mães, desde que assim desejem) fazem a desconstrução desses valores para desarticular o papel da classe dominante e pôr fim ao condicionamento sobre a mulher.Enquanto feministas, absorvemos a ideologia da autonomia pessoal(ex: cabe à mulher escolher ser ou não mãe).E somos plenas nessa luta de mulheres por mulheres.Somos incessantes na batalha pela igualdade.



Então, Feliz dia das Mães!




(Mari N.)

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União civil homoafetiva





Hoje, dia 5 de maio de 2011, por unanimidade, os ministros do STF reconheceram a união estável homossexual.Finalmente, o Brasil avança rumo à isonomia social. Obviamente que ainda há muito a galgar dentro de uma sociedade empestada por paradigmas, que cultua um padrão de macheza e distila ódio a tudo que se volta para a desconstrução e emancipação. Infelizmente, há uma clara mistura entre os preceitos religiosos e a laicidade que deveria se sobrepor a qualquer sistema de crenças.E isso atrasa bastante a tentativa de equiparar direitos, que deveriam obedecer à premissa fundamental de indistinção.A lei está para nos servir.E não é servir para permear um processo segregativo, estratificando a sociedade entre cidadãos de primeira e segunda classe.Mas para garantir a todos o direito à dignidade humana, o direito à felicidade.E, nessa questão, o STF foi impecável.


A proposição de uma normatização heterossexual permeada pelas igrejas(não todas, mas a grande maioria), pela mídia, pelas famílias machistas e homofóbicas, pela bancada evangélica(que nem deveria existir em um Estado Laico), pelos políticos reacionários (bolsonaros da vida), vai sofrer retroação e abrirá espaço para a cristalização da decisão condizente com os princípios da ética e não com a ignorância autocrática.Não há mais espaço para reafirmar estupidez.Não há mais tempo para levantar bandeiras de retrocesso.Binômios de praxes sexuais não devem mais nortear qualquer nicho social.O Estado constrói, gradativamente, a cerne de sua laicidade.


Vemos, agora, que não se pode mais convocar imperativos comportamentais, que só visam manter o status quo, para estabelecer a idéia de cidadania. Somos mais que mecanismos de viés biológico. Somos seres sociais. Somos seres culturais. Somos seres pensantes. Mas antes de tudo, somos seres apaixonados. E o amor é multifacetado. E ele soergue elementos que estruturam a diversidade, dando ressignificação a tudo que existe e dando consistência à liberdade individual e legitimação à diferença.



Eu não entendo muito sobre nosso sistema burocrático.Pouco sei sobre as ferramentas de efetivação jurídica.Mas sei que união estável não é a totalidade dos direitos dos homossexuais.Eles querem o casamento civil.E não, não é o sonho de entrar na igreja usando véu e grinalda, como muitos ignorantes adoram reverberar por aí.Quem perpetra essa falácia sobre casamento civil é um ruminante, portanto volte ao pasto e não regurgite os preconceitos encapados como argumentos.

A união estável garante apenas a divisão parcial de bens por intermédio de uma ação judicial que comprove a relação valendo-se de provas (fotos, testemunhas, cartas, coisas em comum) para corroborar o processo de reconhecimento. Até mesmo o pleito aos direitos, em caso de separação, só é concebido quando a sentença é favorável e a união é reconhecida.Já no casamento civil, e reitero que não tem nada de religioso, apresenta uma gama de direitos(comunhão parcial de bens; separação de bens; comunhão total de bens; e não há necessidade de provar a relação) que ainda são negados aos homossexuais.
A ausência da lei anti-homofobia(PL 122/2006, que pode ser estendida para criminalizar, inclusive, algumas ações machistas: "Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, origem, condição de pessoa idosa ou com deficiência, gênero, sexo, orientação sexual ou identidade de gênero.") ainda é tabu e tramita no congresso. Espero que seja aprovada e constitua uma ação macro de rearticulação social.


E também espero que muito dos religiosos, que se autodenominam donos da verdade, quando até a idéia da verdade em si é questionável, possam finalmente calar a boca e aceitar que o Estado é um axioma plurilateral.


Registro, aqui, meu contentamento com a decisão do STF, e com muitas colocações feitas por seus integrantes, com exceção de uma argumentação vaga, dúbia, sem objetividade, do ministro Gilmar Mendes( que ainda tratou homossexualidade como opção) e o falso moralismo do Ricardo Lewandowski( que acha que há direitos reservados unicamente a relações formadas por pessoas de sexo oposto).


Embora algumas múmias conservadas no preconceito componham o STF, achei a maior parte das alegações elucidativas, como a dos ministros Carlos Ayres Britto, Luiz Fux, Marco Aurélio e Celso de Mello, e as ministras Ellen Gracie e Cármen Lúcia.


"Toda pessoa tem o direito de constituir família, independentemente de orientação sexual ou identidade de gênero. Não pode um estado democrático de direito conviver com o estabelecimento entre pessoas e cidadãos com base em sua sexualidade. É inconstitucional excluir essas pessoas.”

"A República é laica e, portanto, embora respeite todas as religiões, não se pode confundir questões jurídicas com questões de caráter moral ou religioso."

"Não existem razões de peso suficiente que justifiquem discriminação no que tange às uniões estáveis. Pelo contrário, pela Constituição, há a valorização do afeto, do amor, da solidariedade. Não há razão alguma para exclusão da união homoafetiva."

(Celso de Mello)



“Onde há sociedade há o direito. Se a sociedade evolui, o direito evolui. Os homoafetivos vieram aqui pleitear uma equiparação, que fossem reconhecidos à luz da comunhão que tem e acima de tudo porque querem erigir um projeto de vida. A Suprema Corte concederá aos homoafetivos mais que um projeto de vida, um projeto de felicidade.”

(Luiz Fux)


“O reconhecimento hoje pelo tribunal desses direitos responde a grupo de pessoas que durante longo tempo foram humilhadas, cujos direitos foram ignorados, cuja dignidade foi ofendida, cuja identidade foi denegada e cuja liberdade foi oprimida. As sociedades se aperfeiçoam através de inúmeros mecanismos e um deles é a atuação do Poder Judiciário.”

(Ellen Gracie)


“Aqueles que fazem a opção pela união homoafetiva não podem ser desigualados da maioria. As escolhas pessoais livres e legítimas são plurais na sociedade e assim terão de ser entendidas como válidas. (...) O direito existe para a vida não é a vida que existe para o direito. Contra todas as formas de preconceitos há a Constituição Federal.”


(Cármen Lúcia)


“A familia é a base da sociedade. Não é o casamento. É a família, núcleo doméstico, de heteros ou homos. A Constituição não distingue gêneros masculino e feminino, não faz distinção em relação a sexo. Logo, nem sobre orientação sexual. Não existe família pela metade, família de segunda classe. Casamento civil e união estável são distintos, mas os dois resultam na mesma coisa: a constituição de uma família. Não se pode alegar que os heteros perdem se os homos ganham.”


“Preconceito é um conceito prévio, engendrado pela mente humana fechada em si mesma e, por isso, carente de argumentos sólidos. Não reconhecer a união homoafetiva é uma brutal intromissão do Estado sobre trocas de afeto e de desejos.”


“Afinal, se as pessoas de preferência heterossexual só podem se realizar ou ser felizes heterossexualmente, as de preferência homossexual seguem na mesma toada: só podem se realizar ou ser felizes homossexualmente.”


“O que significa o óbvio reconhecimento de que todos são iguais em razão da espécie humana de que façam parte e das tendências ou preferências sexuais que lhes ditar, com exclusividade, a própria natureza, qualificada pela nossa Constituição como autonomia de vontade.”


“A ausência de lei não é a ausência do direito”


“A constituição estabelece que não pode haver qualquer forma de discriminação, incluindo o que se refere às escolhas sexuais”


(Carlos Ayres Britto)



E o que muda?

-Somar renda para aprovar financiamentos
-Somar renda para alugar imóvel
-Direito à impenhorabilidade do imóvel em que o casal reside
-Fazer declaração conjunta do IR
-Reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doados ou transferidos pelo outro companheiro ao amante
-Solicitar o seqüestro dos bens do casal, caso o companheiro os estiver dilapidando e estiverem dissolvendo a união
-Reconhecida a união estável
-Adotar sobrenome do parceiro
-Acompanhar o parceiro servidor público transferido
-Garantia de pensão alimentícia em caso de separação
-Assumir a guarda do filho do cônjuge
-Adotar o filho do parceiro
-Poder ser inventariante do parceiro falecido
-Visita íntima na prisão
-Alegar dano moral se o parceiro for vítima de um crime
-Proibir a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem do companheiro falecido ou ausente
-Segredo de justiça nos processos que se referirem a qualquer coisa que esteja discutindo a união ou separação
-Autorizar cirurgia de risco
-Herança

Benefícios

-Inscrever parceiros como dependentes da previdência
-Receber abono-família
-Receber auxílio-funeral
-Incluir parceiros como dependentes no plano de saúde
-Ter licença-maternidade para nascimento de filho da parceira
-Ter licença-luto, para faltar ao trabalho na morte do parceiro
-Participar de programas do Estado vinculados à família
-Inscrever parceiro como dependente de servidor público

Fonte referente ao que muda na atual composição: http://oglobo.globo.com/pais/info/uniao-homoafetiva/default.asp



Preciso dizer mais alguma coisa?

Parabéns à maioria dos ministros do STF.
E parabéns aos homossexuais brasileiros.
Espero que todos vocês tenham um caminho repleto de vitórias.



(Mari N.)
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Metafísica VI



Ana Akhmátova, pseudônimo de Ana Andreevna Gorenko, nasceu nos arredores de Odessa em 23 de junho de 1889 e faleceu nos arredores de Moscovo em 5 de março de 1966.Foi um dos grandes nomes da poesia modernista russa.



O CANTO DO ÚLTIMO ENCONTRO

Sentia-me sem forças, gelada,
mas os meus passos eram leves.
Na mão direita tinha a luva
da mão esquerda, ao partir.

Eram realmente tantos degraus?
Eu sabia que eram só três!
O outono abraçava os plátanos
e murmurava:"Morre comigo!"

É o meu destino
que me enganasse e me traísse.
Eu respondi: "Oh, meu amor!
Eu também...Contigo morrerei..."

Este é o canto do último encontro.
Olhei para a casa escura,
Só no meu quarto, amarelo e indiferente,
ardia o fogo das velas.





VINTE E UM.NOITE.SEGUNDA-FEIRA.



Vinte e um. Noite. Segunda-feira.
A silhueta da cidade na neblina.
Algum desocupado inventou
essa história de que há amor no mundo.
E por preguiça ou por tédio,
todos acreditaram nele e assim viveram:
esperando encontros, temendo ruturas
e cantando canções de amor.
Mas a outros será revelado o segredo
e sobre estes recairá o silêncio...
Eu tropecei nele casualmente e, desde então,
sinto-me como se estivesse doente.



ÚLTIMO BRINDE

Bebo ao lar em pedaços,
À minha vida feroz,
À solidão dos abraços
E a ti, num brinde, ergo a voz...
Ao lábio que me traiu,
Aos mortos que nada vêem,
Ao mundo, estúpido e vil,
A Deus, por não salvar ninguém.
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