Ana Akhmátova, pseudônimo de Ana Andreevna Gorenko, nasceu nos arredores de Odessa em 23 de junho de 1889 e faleceu nos arredores de Moscovo em 5 de março de 1966.Foi um dos grandes nomes da poesia modernista russa.
O CANTO DO ÚLTIMO ENCONTRO
Sentia-me sem forças, gelada,
mas os meus passos eram leves.
Na mão direita tinha a luva
da mão esquerda, ao partir.
Eram realmente tantos degraus?
mas os meus passos eram leves.
Na mão direita tinha a luva
da mão esquerda, ao partir.
Eram realmente tantos degraus?
Eu sabia que eram só três!
O outono abraçava os plátanos
e murmurava:"Morre comigo!"
É o meu destino
que me enganasse e me traísse.
Eu respondi: "Oh, meu amor!
Eu também...Contigo morrerei..."
O outono abraçava os plátanos
e murmurava:"Morre comigo!"
É o meu destino
que me enganasse e me traísse.
Eu respondi: "Oh, meu amor!
Eu também...Contigo morrerei..."
Este é o canto do último encontro.
Olhei para a casa escura,
Só no meu quarto, amarelo e indiferente,
ardia o fogo das velas.
VINTE E UM.NOITE.SEGUNDA-FEIRA.
Vinte e um. Noite. Segunda-feira.
A silhueta da cidade na neblina.
Algum desocupado inventou
essa história de que há amor no mundo.
E por preguiça ou por tédio,
todos acreditaram nele e assim viveram:
esperando encontros, temendo ruturas
e cantando canções de amor.
Mas a outros será revelado o segredo
e sobre estes recairá o silêncio...
Eu tropecei nele casualmente e, desde então,
sinto-me como se estivesse doente.
ÚLTIMO BRINDE
Bebo ao lar em pedaços,
À minha vida feroz,
À solidão dos abraços
E a ti, num brinde, ergo a voz...
Ao lábio que me traiu,
Aos mortos que nada vêem,
Ao mundo, estúpido e vil,
A Deus, por não salvar ninguém.
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