As primeiras expressões carnavalescas são heranças das civilizações Greco-Romanas e Mesopotâmicas.Os representantes do Cristianismo consideravam qualquer ritual, folguedo, festival, Carnaval, como festas idênticas e condenáveis por terem raízes pagãs.
Entretanto, houve uma delimitação da data Carnaval como uma marca de período anterior à Quaresma, instituindo uma lógica de desapego à carne e servindo como embasamento para os paradigmas comportamentais estipulados pela Igreja Católica.Então, gradativamente, a festa foi tomando uma construção voltada para a liberdade, para os excessos, contrariando toda norma de conduta diária.
A festa Carnavalesca representava, na Idade Média, um período de abundância e diversão, onde eram estimulados a todos os tipos de prazeres.Hoje, esse ideal permissivo continua.Na sociedade brasileira, cristalizou-se como uma fase comemorativa voltada para a auto-satisfação.Nota-se isso, claramente, nas bebedeiras, brincadeiras excessivas, desproteção, desapego ao bem-estar individual e coletivo.
O caráter econômico do Carnaval tomou forma ainda na Idade Média, pois tanto os senhores de terra quanto a Igreja apoiavam a comemoração em compensação do pagamento de taxas.Mais tarde, o desenvolvimento das expressões carnavalescas ficou a encargo da Itália, no século XVI, durante o Renascimento.
Neste ponto, percebe-se um processo de individualização maior, que antes era coletivizado, com exteriorizações culturais mais particulares, com remonte das evoluções dentro da sociedade, principalmente as relacionadas ao crescimento populacional dos centros urbanos.Vê-se, também, o Carnaval como um elo entre o povo e o governante, já que permitia o contato direto entre esses dois.
Já no século XIX, a França foi estabelecida como reduto mundial do Carnaval.Sua festa imponente, cheia de nuances, com mistura entre as diferentes vertentes sociais, fez com que virasse referência.Inspirou diversos países na construção cultural de seus carnavais.Paris consagrou-se.E, junto com ela, a burguesia.
No Brasil, inicialmente, o jogo do Entrudo, trazido por colonizadores portugueses, foi o principal símbolo do festejo nacional.Era difundido em todas as regiões do país.Entretanto, era considerado um jogo brutal, pois baseava-se em lançar líquidos, sejam estes perfumes ou substâncias sujas, nas outras pessoas.
Havia diferentes formas de Entrudo, caracterizando-se na esfera privada e pública.Esse tipo de jogo tem uma semelhança clara com certas brincadeiras atuais, como o “mela-mela”.Contudo, no século XIX, a nova sociedade brasileira queria uma festa moderna, que revelasse o status de país independente, e buscou esse vínculo no Carnaval francês.
No Rio de Janeiro, os bailes de máscaras privados, eventos exclusivos, eram destinados à elite.Exprimia-se, desta forma, a estratificação social e econômica da sociedade brasileira.
Conclui-se que o Carnaval, para a sociedade brasileira, virou expressão de brasilidade.O país pára durante seu acontecimento.As pessoas vivem aquele momento de euforia.A data configurou-se como uma espécie de identidade cultural.E há uma riqueza incrível.Cada região mostra-se autônoma durante o período festivo.Indiscutivelmente, o Carnaval é uma festa mutável, que assume novos modelos, arrasta multidões de pessoas e mexe com todos os âmbitos da sociedade
Bibliografia: FERREIRA, Felipe. O livro de ouro do carnaval brasileiro. Rio de Janeiro: Ediouro, 2005.
(Mari N.)