Cinema: Mary e Max, uma amizade diferente

sábado, 2 de abril de 2011




Mary e Max – Uma Amizade Diferente é uma animação baseada na técnica stop motion, em que cada cena é fotografada quadro por quadro. O longa é inteiramente moldado a base de argila: as cenas, os personagens etc. Estilo, ainda que arcaico comparado ao revolucionário 3D, atrai um bom público entre os amantes da arte cinematográfica da animação. Adam Elliot é o responsável pela direção e roteiro do filme cujo gênero se enquadra como drama e comédia.

Elliot é um renomado escritor e diretor de animação, sempre prezando pela confecção tradicional de seus filmes, entre longas e curtas, não se utilizando de adicionais digitais ou imagens geradas por computador para melhorar a estética visual. Ganhou Oscar de melhor curta por Harvie Krumpet e vários prêmios de festivais pelo mundo por Mary e Max.

A candura curiosidade de Mary foi o que moveu os primeiros contatos com Max ao sortear um nome num livro dos correios. Era uma garotinha de oito anos, australiana e movida por uma sensível solidão. Tem uma mãe alcoólatra e cleptomaníaca. Costuma contar à filha que sua bebida era um tipo de “chá para adultos” e que “pegava emprestado” alguns produtos da prateleira do supermercado para “economizar sacolas”.


Já o pai era um comprometido com seu trabalho e viciado em seu hobbie: a taxidermia. Geralmente não desfrutava muito tempo com Mary. Seus únicos amigos eram “Os Noblets”, bonecos do seu desenho animado favorito feitos por ela mesma com conchas, goma e pompons e um galo que nomeou como Ethel.


Enquanto isso, Max, em Nova York, também apreciava Os Noblets por representarem uma estrutura social articulada em constante conformidade partidária e por terem muitos amigos. Aos 44 anos de idade, tinha muito em comum com a menina que acabara de conhecer através de uma carta.Além d’Os Noblets, adorava chocolate e o único amigo era imaginário.


A vasta diferença etária entre os interlocutores pode causar um impacto à primeira vista ao relacionar este fato à pedofilia, gerando preconceito. Isto se concretiza, até mesmo, por meio da mãe de Mary que não aceitará que sua filha tenha amizade com um “doente” do outro lado do mundo.Todavia, o foco primordial do longa não se trata de perpetuar tal preconceito reducionista, mas remodelar a mentalidade das pessoas através da construção de uma amizade tão pura quanto a de Mary e Max.


Max era passível de uma grande dificuldade em compreender as pessoas da cidade onde vivia, tinha uma mentalidade compassivamente lógica e literal, não entendia o motivo dos seres humanos organizarem toda uma estrutura de leis que visassem um saudável convívio entre as pessoas e o meio onde viviam se nem elas mesmas as seguiam. Freqüentemente perdia o controle em crises de ansiedade ao ser confrontado com algo novo. Participava de reuniões de comedores compulsivos anônimos, o que o deixava ainda mais ansioso, pois se sentia pressionado pelas reuniões a evitar quebrar as suas “regras”. Max também se sentia desconfortável ao se questionar a respeito da existência.

A singularidade do filme baseado em uma história real (inspirado por um amigo de correspondência novaiorquino, segundo o diretor australiano) é o encanto de como é tratado o entrelaçar das vidas dos dois protagonistas, de forma que a inocência se revela através da interpretação das correspondências feita por cada um com o passar dos longos vinte anos de uma improvável amizade.






Trailer:





(Bia G.)

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