Sinestesia do ser

sábado, 3 de julho de 2010


Sociedade medíocre, vil, que cheia a mofo e nada.Esses olhos vazios, essas mãos sujas de sangue.Os sonhos voam, como sombras vãs, neste mundo de farsas.A máscara de sorriso encobre a lágrima.O coração enfermo sucumbe ao drama.Lanças que se cravam e ninguém vê.Boca preenchida de silêncio.Tormentas que se seguem na ausência, esta irremediável ontologia.
Esta sede e esta fome ninguém sabe do que.O vazio circunda a alma, na tomada de consciência que expressa a falta de encaixe no mundo de feras.As horas correm lá fora e, aqui dentro, onde só existem fantasmas e malquereres, reina o pessimismo que corrói a esperança.O grito nunca é ouvido; ecoa silencioso pela noite.O tempo exaure as forças, transformando os flexíveis em inflexíveis, os crentes em descrentes, os bons em ruins.A dureza imobiliza o ser.Porém, a busca pelo amorfo continua.E ainda que eu levante a bandeira dos perdidos e incautos, meu corpo está passível ao dobre do sineiro.Tudo corre.O tempo corre.Sociedade que nada mais é que uma infiel vigília, cantando do poente ao errante caminheiro.Língua ferina que ataca forte; dedos ágeis que se sublevam na mão que esmaga.

Este vale insólito, estas palavras perdidas, estes sussurros, estes adeus.O sepulcro cavado, pela injúria, vilipendia a existência, onde o tartufo esconde suas crenças e seus medos.Ainda que a agonia latente me sufoque, que o céu seja rasgado ao meio, que angústia macule a alma, só esta harmonia que embala a noite austera pega, nos braços, e une, ao peito, os loucos que nada mais querem que sair dessa tormenta.

(Mari N.)





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