O papel do professor

sábado, 27 de novembro de 2010





O método pedagógico é uma das questões mais difíceis em relação ao trabalho do professor.Nunca se sabe qual é a forma mais adaptável, tendo em vista a diversidade da personalidade dos alunos.Para corroborar com essa dificuldade, tem-se o fato da própria escola, muitas vezes, não apresentar a estrutura necessária para o ensino.

O papel do professor fundamenta-se, então, na dicotomia, pois reside nas linhas contraditórias,ora do autoritarismo ,ora da democracia em sala.Como chamar a atenção dos alunos, fazê-los ouvir, incitar-lhes a sede do conhecimento, sem antes haver uma espécie de conquista gradual, ou total imposição do educador?O respeito confunde-se com a auto-afirmação da figura do professor, que monopoliza a voz em sala de aula, deixando de lado a opinião dos alunos.Porém, quando assume um posicionamento mais flexível, perde controle em suas aulas.Difícil é saber dosar até onde essa flexibilidade deve ir para manter a ordem e, ao mesmo tempo, proporcionar um ensino prazeroso.

François Dubet, na entrevista “Quando o sociólogo quer saber o que é ser professor”, narra sua experiência como educador, percebendo a dificuldade no posicionamento do professor, pois este se sente frustrado, no início da experiência, externando as várias facetes que o educador deve usar para, diariamente, ter a atenção dos educandos.Grande parcela dos alunos visualiza o professor como um obstáculo, um inimigo que rouba seu espaço.

Infelizmente, esse abismo deve-se à impessoalidade do muitos educadores, que vêem o aluno como uma ferramenta do sistema, quando deveria enxergá-lo como um ser humano que tem problemas pertencentes a sua idade, ao seu círculo social.Contudo, o ensino tornou-se mecanizado, criado para um aluno padrão que não existe.Quando o professor assume um papel mais protetor, de se importar com o histórico do aluno, interessando-se por seus problemas, isso favorece o elo entre educador e educando, firmando uma relação mais emocional, baseado na troca, do que na unilateralidade fria e distante que o sistema criou.

Os professores mais eficientes são os que demonstram crença em seus alunos, instigando-lhes a luta pela evolução pessoal.O papel do professor é realmente complexo, pois além de formar profissionais, ele forma também seres humanos, então isso cria uma certa hostilidade diante daquilo que é dito pelo educador, pois existe um receio inicial de se voltar contra aquilo que lhe é exposto, como forma de protesto tão peculiar da juventude.Isso gera uma confusão até na postura do educador, que precisa se reinventar, todos os dias, a fim de prender a atenção dos alunos.

Existem grupos dissidentes dentro de uma sala de aula; alguns optam por seguir as regras, por estudar; outros optam por manifestar seu repúdio, desligando-se daquilo que é ensinado.De qualquer forma, neste fogo cruzado, fica o professor, que acaba escolhendo quais alunos devem ser deixados à margem e quais devem receber uma atenção especial, como forma de reconhecimento.Todas essas problemáticas, de alguma forma, acabam frustrando o profissional da educação, que se vê preso às convenções, ao sistema e à política educacional.

Funda-se um mito na figura do professor, estigmatizando-o de autoritário, reacionário e frio.Mas como ficar a par de todas as questões relativas aos alunos, sendo que o professor, como qualquer outro ser humano, também possui os seus problemas?Quando entra em sala, o professor entra em um julgamento contínuo, onde os educandos o desnudarão e, posteriormente, o sentenciarão como digno ou indigno de consideração.

A padronização do ensino não põe fim às dificuldades.A uniformidade do método não é a saída.É preciso começar pela reinvenção do sistema educacional, estabelecendo novos pilares que a sustentem, de forma a não marginalizar os jovens, a não excluir uma parcela, a não estigmatizar o professor e nem mecanizar o conhecimento ou torná-lo um produto vendável.Quando novas diretrizes traçarem o um ensino mais sensível aos seres humanos do que indiferente a eles, poderemos ver uma gradual transformação no campo da educação, sem haver a necessidade de auto-afirmação e descrédito do sistema educacional.


(Mari N.)

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