A Filosofia e as Ciências Sociais

sábado, 27 de novembro de 2010





1)Fale sobre a Filosofia e sua relação com as Ciências Sociais.


Resposta: A Filosofia procura, através de uma atitude objetiva ou imparcial, buscar resposta para uma série de questionamentos levantados com a finalidade básica de fugir do senso comum. Uma atitude filosófica tem como embasamento a criticidade, ou seja, é um ato de negar os pré-conceitos e pré-juízos, constituindo um desapego às idéias de aceitação de “verdades absolutas” e, ao mesmo tempo, pregando interrogações as quais seriam irrelevantes para o pensamento comum.


Presume-se, pois, que tal idéia de negação venha a causar impactos no estudo do homem sobre o homem a partir do momento em que a admiração e o espanto tomam lugar dos conceitos pré-gerados. Facilita-se, desse modo, o trabalho do filósofo da elaboração de indagações a respeito do que somos, por que somos, como somos, por que devemos, por que vivemos assim etc.

Portanto, a ação científica do pensar pressupõe a consciência da existência de crenças, sentimentos, valores etc. Porém estes fatos devem ser observados pelo cientista a partir de certo nível de exterioridade, buscando questionamentos pertinentes dos “por quês” das idéias, situações e comportamentos. Um estudo minucioso da existência cotidiana dos homens.

As Ciências Sociais, através do estudo detalhado da sociedade, do relacionamento do homem inserido no meio em que vive, das ações individuais ou institucionais, necessita, portanto, desta criticidade e da objetividade já trabalhadas pela Filosofia, assim como o aspecto da observação exterior e da reflexão radical, formulando hipóteses, analisando, comparando, buscando princípios e levando a uma melhor compreensão do mundo.

Estas questões filosóficas são de suma importância para as Ciências Sociais que tomam a Filosofia como a “mãe de todas as ciências” com a pretensão de serem conhecimentos verdadeiros a partir de métodos severos de pensamento. Assim, é uma pré-condição para o cientista social tomar por base tais questionamentos rigorosos na metodologia do trabalho científico. É papel do pesquisador, enquanto cientista social, examinar o já conhecido pelos filósofos, questioná-las e imaginar novas possibilidades.


2)Em que sentido se diz que a Filosofia é um pensamento organizado e sistemático?


Resposta: A definição de pensamento sistemático ainda está posicionada no âmbito da busca pela cientificidade e pela crítica que caracterizam uma diferenciação daquilo abordado pelo senso comum.


A sistematização do pensar contrapõe a idéia da noção reducionista, ou cartesiana, mecanicista e pragmática no meio científico e cultural na qual a observação é realizada separando-se os fatos como se não estivessem entrelaçados. A experiência histórica mostra que fragmentar os acontecimentos não denota um bom conhecimento da realidade. Um exemplo disso seria a difusão da desigualdade social.

Sistematizar significa, basicamente, investigar, analisar minuciosamente os aspectos estudados. Significa usar ferramentas que examinem e procurem provas e demonstrações as quais devem validar a afirmação do cientista, tornando-a verídica, coerente, isto é, apenas expor determinadas respostas ainda não é suficiente para o real interesse do pesquisador.

A Filosofia, então, por possuir um embasamento intelectivo, não deve se basear em opiniões pessoais a respeito das coisas. Ela, portanto, se utiliza de tal tipo de raciocínio organizado devido a estas características, com a intenção de rebuscar, demonstrativamente, os fatos a serem estudados de forma tal que esses não estejam isolados.

Deve-se partir da idéia de que há sempre uma correlação entre os acontecimentos, pois quanto mais são estudados os problemas de nossa época, mais se percebe que eles não podem ser entendidos isoladamente. Só assim se pode chegar a uma criticidade lógica, objetivo atrativo para o cientista.



3) Fale sobre o conhecimento científico e a sua diferenciação quanto ao senso comum.


Resposta: Primeira pergunta: O que é o senso comum? É todo um conjunto de aspectos da vida os quais são observados, porém com indiferença. A curiosidade e o espanto por questões rotineiras da experiência humana são colocadas de lado. Tudo isso ajuda a compor a mentalidade daqueles não-científicos constituída de certezas inquestionáveis, portanto, despossuídas de racionalidade.Com isso, podem-se extrair algumas características do senso comum.


Boa parte delas deve-se ao subjetivismo da observação das coisas, isto é, são derivadas do individualismo de algumas pessoas ou grupo de pessoas ao analisar determinadas situações. Portanto, além de subjetiva, a noção comum apresenta-se como qualitativa, pois há julgamento pessoal no olhar; é heterogênea, pois não enxergam uma universalização de acontecimentos aparentemente diferentes; é individualizadora como já foi dito; é generalizadora, pois procura explicar acontecimentos pressupostamente semelhantes através de uma só idéia; as relações de causa e efeito são assimiladas pela “lógica”, deste modo, não questionadas; há uma falta de curiosidade, de admiração, de surpresa com aquilo que aparenta ser constante, regular.

Entretanto, o que acontece é que a parte de causar espanto só aparece para fatos nunca vistos.

Segunda pergunta: O que é ter conhecimento científico? O conhecimento científico se contrapõe a todos estes pragmatismos expostos pelo senso comum. Ao contrário do subjetivismo, ocorre um objetivismo na tentativa de escapar dos posicionamentos individuais para explicar as coisas. A ciência é quantitativa e não qualitativa, pois deseja alcançar critérios rigorosos de análise através de medidas e padrões; é homogênea, pois pretende buscar leis universais da mecânica dos fenômenos, mesmo para os que parecem diferentes. Assim como o senso comum, o cientista também é generalizador; é diferenciador; somente estabelece relações de causa e efeito após investigação do esqueleto dos fatos em estudo, porém não por imposições qualitativas.Além de outros aspectos os quais o pensamento comum e o científico entram em choque, percebe-se que o cientificismo procura os caminhos a serem traçados com o intuito de libertação intelectual, em outras palavras, objetiva uma metodologia de fuga do medo e das superstições através do conhecimento. O cientista se distingue do senso comum resumidamente porque este se baseia em tradições, conceitos, hábitos e opiniões bem cristalizadas, já a ciência tem ambasamento em pesquisas, provas, etc. o uso da razão é a marca do conhecimento científico.



4)Fale sobre a religião e a sua relação com o homem e com a cultura.


Resposta: Historicamente, pode-se dizer que a religião forma um dos pilares de significância singular nas relações humanas. As formas variadas de religião procuram adotar um método de ligação, um vínculo entre aquilo que foi considerado profano e o que foi considerado sagrado. Normalmente o sagrado representa tudo aquilo que é inalcançável somente com o uso da força ou potência da condição humana. O profano então seria tudo aquilo relacionado diretamente ao ser humano, de imediata associação ao homem.


As crenças costumam agrupar homens através de valores e tradições em comum. Tradições estas vistas como complexos culturais arraigados por meio de ritos, para simbolizar os laços entre o mundo material e o espiritual, repetitivos através dos tempos, objetivando sempre perpetuar aquilo que foi consagrado numa primeira vez. Através de tais valores e tradições que são ditados os caminhos corretos (assim como as atitudes que não são bem-vindas de acordo com o que se crê) a serem tomados pelos membros seguidores. Portanto a cultura entra no contexto religioso: a cultura de uma comunidade procura espelhar-se às normas de convivência impostas pela religião.

As condutas individuais também tendem a atender às necessidades espirituais por intermédio, normalmente, do medo. O medo de castigos providenciados pelos deuses para aqueles que cometerem delitos, infringindo as leis das divindades. O conhecimento de tais leis, entretanto, pode constituir um novo patamar na sociedade. Um grupo de conhecedores, então, forma um também grupo de intelectuais, separados do restante da comunidade, especializados em eternizar os ensinamentos das narrativas da história do início da vida, considerada sagrada. Cria-se assim, uma nova hierarquia assimilada pelos indivíduos.

Resumindo, uma dada religião, de certa forma, molda o pensar e o sentir de seus seguidores; dita o bem e o mal, o certo e o errado; conta como se deu a origem das coisas e dos homens, operando o encantamento do mundo; simboliza rituais, imagens, lugares; forma autoridades etc. Tudo isso, portanto, constitui uma importância crucial na adaptação da cultura humana.



(Bia G.)

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